O meu tecido favorito!

Quem lida com gatinhos conhece bem a necessidade que estes felinos têm em afiar as garras, acabando por arranhar os nossos sofás, carpetes e todos os objetos que lhes pareçam tentadores.

Se alguma vez se perguntou qual seria o material que realmente iria interessar ao seu bigodito, saiba que o Grupo de Estudos Científicos da Cão Cidadão, o (GEC), liderado por Alexandre Rossi realizou um estudo e chegou à conclusão de qual é o material que os gatos preferem arranhar.

O estudo durou dois anos, e feitas as contas o chenille, composto por lã, seda e algodão, pela sua textura parecida com o veludo, é o conquistador das garras dos nossos gatos. O chenille é usado no revestimento de sofás, poltronas e capas de almofadas, por exemplo. O suede, tecido sintético de poliéster parecido com camurça, está também na lista de preferências dos felinos. Mas embora o chenille seja o favorito, isso não quer dizer que seja o mais adequado, pois afinal, o estudo demonstrou também que as garras dos gatos ficavam muitas vezes presas neste tipo de tecido.

O estudo

De acordo com Alexandre Rossi, sócio-fundador da Cão Cidadão e idealizador desta análise, a segunda principal queixa que as pessoas têm contra gatos domésticos é sobre os arranhões nos objetos – a primeira consiste na urina fora do lugar adequado. "Em 90% das casas em que há um gato haverá um móvel arranhado, e muitos tutores ficam incomodam com os estragos."

Para efeitos daquela pesquisa, o GEC fez levantamentos diferentes: um questionário online para apurar quais os tecidos mais comuns nos móveis de donos de gatos, e os hábitos felinos que mais incomodam as pessoas. "O chenille e o couro sintético predominam nos móveis", diz Rossi. "Também pesquisamos com criadores, donos, ONGs e lojas de móveis quais tecidos recomendavam que eram 'antigatos', e a resposta foi o suede e o gorgurão impermeável”.

Adicionalmente, os especialistas construíram arranhadores com os quatro tecidos que foram colocados em três ONGs de proteção de gatinhos. Os objetos ficaram entre quatro e dez dias em cada instituição e, no total, 150 gatos testaram as estruturas.

Através de câmaras com sensores de movimento e luz infravermelha, os investigadores monitorizaram as atividades dos bichanos. Aplicando uma fórmula de preferência para indicar qual fora o material mais arranhado, ou seja, mais adorado pelos gatos – neste caso, o chenille. No entanto Rossi desaconselha este tecido já que nos vídeos, os especialistas notaram que alguns felinos ficaram com as unhas presas.

ARRANHADORES PRODUZIDOS PARA A PESQUISA DO GRUPO DE ESTUDOS CIENTÍFICOS DA CÃO CIDADÃO

Necessidade e instinto
Segundo o especialista, os gatos arranham por vários motivos: comunicação, marcação de território e até para impressionar outros bichos. "É um modo de se preparar para a caça e defesa", ele explica.

Rossi ainda considera que cortar as unhas do felino simplesmente para evitar danos nos objetos não é recomendável. "A unha tem função importante para o gato e o corte vai afetar a sua defesa, sua escalada e seu comportamento natural", esclarece. "O importante é entender o comportamento do seu gato e oferecer alternativas antes de pensar em limitar o espaço dele. A limitação pode tirar fontes de prazer e até provocar estresse."

Ele ainda ressalta que intenção desta pesquisa não é fazer as pessoas "trocarem todos os tecidos de casa, pois isso tiraria opções para o gato". Para o bem-estar do animal, Rossi sugere instalar arranhadores de vários modelos, tamanhos e materiais – objetos com papelão ou corda de sisal são boas opções, por exemplo."O tamanho, a posição e a firmeza do item alteram a experiência do gato", ele afirma. "Precisamos pensar na casa como multiespécie. Se você leva um bicho para casa, tem que adaptá-la para ter um meio termo."

Colchas ou capas protetores também são alternativas para proteger os móveis. "Podem funcionar como uma peça decorativa e, se forem arranhados, são mais baratos do que trocar um estofado inteiro".

A pesquisa demorou dois anos para ser elaborada e ficou pronta em maio de 2019.

Fonte: Revista Galileu