Presentes de Natal não são cães. E cães não são presentes de Natal.

Para quem está a pensar oferecer um animal este Natal, é fundamental recordar que um animal não é um presente. Um animal é para a vida.

Nesta época natalícia, são muitas as associações em Portugal que suspendem as adoções. Tudo porque a realidade tem vindo a mostrar que muitos dos animais adotados no Natal são devolvidos poucos dias depois, ou abandonados na rua, com grande trauma para os bichos. Queixavam-se: “Ai, nem queira saber o horror de noite de Natal que tive.” Porque o cão ficou doente depois de toda a família lhe ter dado os restos da comida. Porque chorou toda a noite (“E como é que larga tanto pêlo?”). Porque o cachorro se assustou com a confusão dos dias e noites agitados, com as crianças a quererem brincar ou com o barulho do o fogo-de-artifício… Um sofrimento que entristece também quem se preocupa com eles: "Porque eles raspam as unhas, eles choram, eles tremem. Mas os gatos sofrem bastante mais, depois de abandonados. É muito difícil motivá-los a comerem, por exemplo."

E não é só em Portugal que isto acontece, a Dogs Trust, uma das maiores associações sem fins lucrativos de protecção de cães no Reino Unido, recebeu quase cinco mil chamadas de pessoas a quererem entregar os seus cães, só entre 26 de Dezembro e 31 de Janeiro (outras no próprio dia de Natal). Foram 138 chamadas por dia, “muitas delas sobre cães que foram presentes indesejados” para “pessoas que não estavam cientes da responsabilidade necessária”. Para prevenirem decisões “pouco ponderadas”, a organização criou um slogan registado há 40 anos: A dog is for life, not just for Christmas.

Este ano, no seu anúncio publicitário natalício, falam do tema de “forma cómica”: mostram pessoas a passearem consolas, a atirarem uma bola a um secador, a ordenarem “senta-te” a um drone. No final, enquanto uma mulher tenta embrulhar um cachorro, ouve-se o conselho da apresentadora Mel Giedroyc a vir da televisão: “Presentes de Natal não são cães. E cães não são presentes de Natal."

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Fonte: publico.pt